sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Dançar

Dançar. Fechar os olhos e se entregar completamente ao ritmo. Explorando os limites do seu corpo, seu centro, seu equilíbrio. Brincar com a música. Sentir os pés descalços no chão, conectando com o centro da Terra, que vibra com a mesmo vibração. Depois, abrir os olhos, e ver que não está sozinho. Olhar nos olhos das pessoas e sorrir. Sorrir porque estamos todos conectados pela música, pelo centro da Terra, pela celebração à vida. Sorrir porque fazemos parte de uma aldeia. Porque somos únicos e, na nossa diferença, somos iguais, e somos aceitos, e somos bem-vindos nessa dança de paz. Então, uma energia é gerada que sobe em espiral. E nos conecta com as nuvens e as estrelas. E por fim, o Universo inteiro entra na dança, enviando paz e amor a todos os corações...

domingo, 9 de setembro de 2007

Solidão.... nossa eterna companheira

Todo final de relacionamento é difícil. Voltar pra casa no final do dia e vê-la vazia. Exatamente com estava quando você saiu. Ter uma grande novidade ou uma grande dúvida e não ter com quem compartilhá-la. Estar se sentindo linda e não ter quem admirá-la. Os amigos são de extrema importância nessa fase. Mas ficar sozinha também é necessário. A tristeza e a solidão não são coisas ruins que devem ser evitadas a todo custo. Muito pelo contrário, curtir a tristeza é essencial para nosso crescimento como pessoas. Ela nos faz refletir, nos ensina e nos coloca em sintonia com nós mesmas.

Essa é uma das grandes diferenças entre homens e mulheres. Quando terminam um relacionamento, os homens geralmente só pensam em ir pra balada, ficar com outras pessoas e, na maioria das vezes, se envolvem com outras mulheres muito mais rápido. Pesquisas mostram os homens correm muito mais risco de se tornar alcoólatras e de sofrer acidentes quando sofrem uma separação do que quando se encontram em um relacionamento estável. Eles procuram tanto se distrair porque têm muito medo da solidão. E aí perdem a oportunidade de aprender com o passado e amadurecer.

Procurar distrações, se jogar no trabalho ou se jogar na depressão são comportamentos que buscam preencher um vazio e nos impedem de nos transformarmos. Que nos impedem de entrar em sintonia com nosso “eu” profundo: quem realmente somos e que queremos da vida.

O fim de um namoro ou casamento é o início de um relacionamento com nossa eterna companheira: a solidão. Lá estava ela quando nascemos, lá estará ela quando morrermos e lá está ela em todos os nossos momentos de insights e transformação pessoal. Se não soubermos ficar de bem com ela e com nossa tristeza, não evoluímos.

domingo, 2 de setembro de 2007

O que é o Amor???

Existem diferentes tipos de relacionamentos. Existem aqueles em que há paixão, vontade de ficar junto todo o tempo, admiração, mas ao mesmo tempo insegurança, auto-cobranças, diferenças e incertezas. Existem também aqueles relacionamentos nos quais os parceiros se conhecem em todas as suas capacidades e limitações e no qual há segurança, apesar de não haver tanta admiração.

O segundo tipo de relacionamento é muito mais raro. Nele, você sabe que a pessoa estará sempre ao seu lado, durante suas crises e inseguranças. Mas muitas vezes isso faz com que você enxergue a pessoa como alguém da sua família. A segurança pode tirar a empolgação da conquista e fazer com que o casal se acomode e, eventualmente, sua paixão morra.

Existem, é claro, aqueles relacionamentos leves, tranqüilos, fundamentados basicamente no sexo. Geralmente existe carinho, mas não o suficiente para gerar cobranças ou o desejo de se ir mais longe. E, dessa forma, cada um pode ser si mesmo em sua plenitude e buscar seus sonhos individuais, podendo sempre contar com o outro nos momentos de solidão e angústia.

Qual deles será o Amor verdadeiro?

Nós estamos sempre esperando o verdadeiro amor como se existisse alguém que se encaixasse em todas as nossas expectativas, e com quem certamente seremos felizes para sempre. Mas começo a me perguntar agora se Amor não é simplesmente uma questão de escolha. Duas pessoas que escolhem se amar e se comprometem um ao outro.

Antigamente muitos casamentos eram arranjados e não havia a possibilidade de divórcio. Dessa forma, as pessoas eram forçadas a fazer com que aquilo desse certo. Eram forçadas a ter um comprometimento. E assim muitos casamentos foram felizes e duradouros.

A palavra chave é essa... comprometimento. Se comprometer a superar as crises juntos, a crescer juntos, a viver juntos... Nos tempos atuais, em que tudo é descartável, em que o individualismo e o sucesso financeiro são exaltados, os relacionamentos também se tornaram descartáveis. Não há comprometimento algum. Quando surge alguma dificuldade no relacionamento é muito mais fácil terminar e procurar alguém novo, que te faça sentir bem.

Por isso ainda acredito no casamento. Ele é uma forma de duas pessoas assumirem um compromisso. É claro que isso não é nada fácil, mas com certeza é recompensador. Um casamento ou um relacionamento estável precisa de esforço, precisa de energia, de dedicação de querer fazer dar certo. Mas acredito que somos muito mais livres quando estamos com alguém com o qual podemos ser nós mesmos. Com o qual podemos errar e com o qual podemos aprender.

Todas as mulheres passam por momentos de crise e insegurança. Todas. E são nesses momentos que elas mais precisam de apoio. Se um homem não consegue estar presente em sua vida nesse momento, se ele não consegue oferecer o apoio que ela necessita (por mais terrível que a deusa Kali possa parecer), ele perde a chance de receber toda a recompensa que teria. Toda a bênção e toda a maravilha que só uma mulher cheia de amor e segurança pode oferecer.


Relacionamentos: um processo de auto-transformação

Vejo os relacionamentos como importantes ferramentas de auto-conhecimento e auto-transformação. Geralmente nos relacionamos com pessoas que possuem qualidades que estamos buscando no momento. Se um homem está buscando desenvolver seu lado espiritual, por exemplo, pode se apaixonar por uma mulher mística. Se uma mulher está buscando viver intensamente e experimentar coisas diferentes, pode se apaixonar por alguém que use drogas.

Isso acontece porque, num relacionamento, aprendemos a enxergar o mundo através de outros olhos, outros pontos de vista. Aprendemos sobre outras maneiras de pensar que vão nos influenciar e nos transformar profundamente.

É por isso que cada parceiro que tivemos no passado deixou uma marca profunda em nós. São uma parte de quem somos hoje.

Os relacionamentos também são instrumento de auto-conhecimento porque, ao conviver com o outro, aprendemos sobre nossas necessidades e nossa maneira de nos colocarmos no mundo.

É claro que essa análise costuma acontecer com o término do namoro. Não aconselho que ninguém se envolva com outra pessoa para fins tão individualistas. Quando estamos apaixonados sempre queremos que isso seja algo duradouro. Que aquela pessoa seja seu companheiro de vida. Porém, quando o namoro não dá certo, devemos olhar para trás e perceber o quanto nos transformamos e crescemos com aquilo. Por pior que tenha sido.

Deusas

Segundo a tradição tântrica, as mulheres contêm aspectos das quatro deusas: Parvati, Durga, Uma e Kali. Mas geralmente cada mulher incorpora melhor uma das deusas. A Parvati é aquela que se doa a seu marido, que lhe é fiel e todo o tempo só pensa em agradar seu homem. A Durga é a mãe e a que domina a matéria, aquela que cuida da família e que organiza a vida material desta. Uma é aquela que se doa a Deus e, consequentemente, a toda a humanidade. Ela nunca será de um homem completamente, ela se enfeita e se embeleza para todos, para enfeitar a vida aqui na Terra. Já Kali é a deusa terrível, dominadora, aquela que ama e que castiga e, assim, elimina o ego.

Todas as deusas, porém, existem dentro de nós, mulheres. Quem nunca demonstrou seu lado Kali numa crise de nervosismo e viu seu amado sair correndo ou ficar mais nervoso ainda? Os homens têm medo de Kali e tendem a fugir dela. Só não percebem que, quando fazem isso, só estão evocando Kali mais e mais.

O aspecto Kali de cada mulher precisa ser ouvido e aceito. A mulher precisa se sentir aceita em toda sua integridade e complexidade. Nos momentos em que estão belas e também nos momentos de crise, de revolta, de insegurança, de nervosismo. Já fomos reprimidas por mais de 2000 anos. Só assim encontraremos nosso equilíbrio. E só assim o homem crescerá com o relacionamento e crescerá como pessoa, como ser espiritual. Pois Kali está na mulher assim como está na natureza. E só compreendendo-a e aceitando-a o ser humano se tornará mais completo.

Imagem:
O sábio Deus Shiva serenamente aceita, escuta e cresce com sua consorte Kali.

Agradeço a Ronald Funchs, mestre de Tantra, pelos ensinamentos.