sábado, 23 de junho de 2012

Buscando Consensos na Rio+20

Entre os dias 16 e 19 deste mês ocorreram, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), os chamados “Diálogos com a Sociedade Civil”. Foram debates entre representantes de governo, empresas privadas, pesquisadores e ONGs para o fechamento do documento final. Intitulado O Futuro que Queremos, esse documento foi entregue aos chefes de Estado na terça feira passada. Durante os debates, apesar das diferentes visões sobre o que é (ou deveria ser) um desenvolvimento sustentável, alguns consensos ficaram muito claros, tanto nos discursos das ONGs e pesquisadores quanto no discurso dos representantes da ONU. Alguns desses consensos são:
1) O PIB não é uma ferramenta adequada para medir a riqueza de um país, por não englobar os danos ambientais em suas análises. Novos índices devem ser formulados e algumas tentativas foram apresentadas na conferência.
2) Os governantes devem dar prioridade para as crises de longo prazo e não somente para as de curto prazo, como vem ocorrendo. Governantes foram criticados por estarem no México tentando resolver a crise financeira, ao invés de estarem participando dos diálogos.
3) É fundamental a intervenção dos Estados na economia. Somente com um controle do mercado poderá haver um desenvolvimento sustentável. “Não as corporações fazendo o que querem, mas aquilo de que precisamos”, disse Oliver Greenfield, da Coalisão Economia Verde. No entanto, também é consensual o fato de que os líderes precisam ser pressionados pela sociedade civil para que avancem e coloquem em prática as mudanças necessárias.
Apesar de haver um avanço nos debates e nos discursos, as ações decisivas que realmente contribuiriam para um desenvolvimento sustentável não foram tomadas, como o fim dos subsídios a combustíveis fósseis, a criação de taxas sobre emissão de carbono, ou mudanças mais radicais no modelo econômico. Governantes continuam a defender os interesses econômicos das grandes corporações e quem continuará a pagar pelos danos ambientais serão as populações. Kumi Naidoo, do Greenpeace, disse: “Enquanto bilhões estão sendo gastos livrando bancos e milhões mais subsidiando a indústria de combustíveis fósseis, fica claro qual agenda nossos líderes estão seguindo: aquela das corporações poluentes”. Kit Vaughan, da CARE International, afirmou: “Aqui existe um comprometimento com o futuro que não queremos”.

Foto: Representantes das ONGs denunciam a falta de comprometimento dos governantes

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