Entre os dias 16 e 19 deste mês ocorreram, durante a
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), os
chamados “Diálogos com a Sociedade Civil”. Foram debates entre representantes
de governo, empresas privadas, pesquisadores e ONGs para o fechamento do
documento final. Intitulado O Futuro que
Queremos, esse documento foi entregue aos chefes de Estado na terça feira
passada. Durante os debates, apesar das diferentes visões sobre o que é (ou
deveria ser) um desenvolvimento sustentável, alguns consensos ficaram muito
claros, tanto nos discursos das ONGs e pesquisadores quanto no discurso dos
representantes da ONU. Alguns desses consensos são:
1) O PIB não é uma
ferramenta adequada para medir a riqueza de um país, por não englobar os danos
ambientais em suas análises. Novos índices devem ser formulados e algumas
tentativas foram apresentadas na conferência.
2) Os governantes devem dar
prioridade para as crises de longo prazo e não somente para as de curto prazo,
como vem ocorrendo. Governantes foram criticados por estarem no México tentando
resolver a crise financeira, ao invés de estarem participando dos diálogos.
3) É
fundamental a intervenção dos Estados na economia. Somente com um controle do mercado
poderá haver um desenvolvimento sustentável. “Não as corporações fazendo o que
querem, mas aquilo de que precisamos”, disse Oliver Greenfield, da Coalisão
Economia Verde. No entanto, também é consensual o fato de que os líderes
precisam ser pressionados pela sociedade civil para que avancem e coloquem em
prática as mudanças necessárias.
Apesar de haver
um avanço nos debates e nos discursos, as ações decisivas que realmente
contribuiriam para um desenvolvimento sustentável não foram tomadas, como o fim
dos subsídios a combustíveis fósseis, a criação de taxas sobre emissão de
carbono, ou mudanças mais radicais no modelo econômico. Governantes continuam a
defender os interesses econômicos das grandes corporações e quem continuará a
pagar pelos danos ambientais serão as populações. Kumi Naidoo, do Greenpeace, disse:
“Enquanto bilhões estão sendo gastos livrando bancos e milhões mais subsidiando
a indústria de combustíveis fósseis, fica claro qual agenda nossos líderes
estão seguindo: aquela das corporações poluentes”. Kit Vaughan, da CARE
International, afirmou: “Aqui existe um comprometimento com o futuro que não queremos”.
Foto: Representantes das ONGs denunciam a falta de comprometimento dos governantes
Foto: Representantes das ONGs denunciam a falta de comprometimento dos governantes
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