quarta-feira, 11 de julho de 2012

Organismos geneticamente modificados e a desigualdade social

Todos já ouvimos falar sobre as implicações ao meio ambiente e à saúde humana derivadas do uso de organismos geneticamente modificados (OGM) como os transgênicos. No entanto, muitos desconhecem as implicações sociais e econômicas de tal uso. Os OGM são formulados de forma a permitirem o uso de altas doses de agrotóxicos. São especialmente úteis em monoculturas de grande extensão, nas quais é mais difícil o controle de ervas daninhas e pragas – não só pela extensão de terra, mas pela diminuição da biodiversidade e, consequentemente, da resiliência do sistema. Um exemplo disso é o uso, nos Estados Unidos, de um tipo de soja geneticamente modificada de forma a se tornar resistente ao uso de herbicidas. Em grandes extensões de terra, a técnica utilizada pelos produtores é passar com um avião jogando veneno na plantação. A soja transgênica, que é resistente ao veneno, vinga; e as outras plantas indesejadas, morrem.
As grandes corporações de biotecnologia formulam esses OGM em seus laboratórios de engenharia genética, registram a patente dessas sementes, e lucram com a venda das sementes e dos agrotóxicos aos quais são resistentes. Dessa forma, os produtores rurais têm de pagar os royalties de propriedade intelectual à empresa, a cada nova safra. Para os pequenos produtores isso sai muito caro. A semente, que antes era gratuitamente oferecida pela natureza, passa a ser uma mercadoria a ser comprada.
De um lado, vemos grandes proprietários de terra, cujas monoculturas se sustentam na medida em que podem pagar por sementes e agrotóxicos e podem produzir alimentos artificialmente baratos. Do outro lado, vemos os pequenos produtores, sem poder competir com os preços do mercado do agronegócio, forçados a deixar suas terras e viver da venda de sua força de trabalho nas grandes propriedades.
Dessa forma, quando compramos um produto orgânico, não estamos apenas cuidando da nossa saúde e do meio ambiente, mas, também, contribuindo com os pequenos produtores que não podem (e não querem) comprar aquilo que é um direito de todos os homens: as sementes. Segundo Vandana Shiva, a “guerra contras pestes” levada a cabo pelas corporações de biotecnologia é uma guerra sem fim, pois as pestes se modificam continuamente e se tornam resistentes aos venenos, exigindo cada vez mais toxidade para serem eliminadas. Mas essa guerra é desnecessária. As pestes são produto de uma desarmonia nos ecossistemas, e podem ser evitadas por meio da produção orgânica, que restaura a diversidade e o equilíbrio ecológico.

Nenhum comentário: